Acho que é uma decisão dificil de tomar mas compreendo. Qualquer técnico que esteja nesta área há mais de 10 anos nota que este oficio tem vindo a perder dignidade, assim como valor de retorno.
A tecnologia avança muito depressa, com os preços dos produtos novos a descer muitas vezes as pessoas tem a ideia que compensa mais comprar novo do que reparar (apesar de muitas vezes ser errada essa ideia).
Tenho falado com outros colegas do ramo que dizem o mesmo que se passa comigo, cada vez compensa menos este oficio, cada vez é mais difícil prestar um serviço de acordo com as exigências do cliente (o cliente quer rápido, barato e com garantias).
Os fornecedores tem o material contado a dedo, muitos de nós temos mais quantidade de determinados componentes na nossa oficina do que certos armazenistas. Tenho notado que encomendo 10 peças diferentes e apenas vem 7 ou 8 porque as outras não tem stock. Se queremos 10 unidades de um determinado CI muito poucos são os provedores que os tem em stock e se os tem não tem outro produto que também precisamos, obrigando-nos a fazer encomendas a vários fornecedores porque uns tem um produto e outros tem outro.
Em Portugal estamos a entrar na era de usar e por no lixo, se sai hoje um modelo de LCD daqui a 5 ou 6 meses é substituído por outro modelo e muitas vezes nem chega a entrar no mercado as peças para reparar o modelo anterior.
Ainda ontem fui para reparar um plasma com placa Y-sus avariada, custava-me 157€, dei orçamento de 197€ e não foi aceite porque um plasma novo com melhores caracteristicas está agora no mercado a 325€, ou seja mais 128€ o cliente tem um plasma novo com garantia de 2 anos que pode estender a 5 anos com um seguro no valor de 50€ que oferece 3 anos extra de garantia. Ou seja, em princípio este cliente meu durante 5 anos não me vai trazer o televisor novo para reparar. E isso acontece com muitos outros produtos.
Posto isto e todas as adversidades que encontramos actualmente na área, é bastante comum ponderar abandonar o oficio ou passar para outro emprego e fazer como um part-time. Eu próprio já pensei nisso e ainda me faltam 30 anos para a reforma...